Cultura Mercante

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Aquele era o seu primeiro embarque, e o pratica estava inebriado, tomado por uma hecatombe de emoções. Ali para ele, tudo era novidade.

Do seu camarote, que ficava na porção frontal, ele ouvia o rufar das ondas, que com a violência do mar, açoitava a proa do navio com rispidez.

Com o arfar do navio e o forte cheiro de gordura, vindo da cozinha, expelido pelo duto do ar condicionado. Não demorou muito para que o mal estar e a dor de cabeça começasse a atingi-lo.

Naquele dia ele não almoçou, portanto, foi direto do seu camarote para o passadiço para assumir, juntamente com o Chico, o turno de 12:00 as 18:00.

No passadiço, o Pratica, sob o efeito do caturro, percebeu que o embalo do navio era mais acentuado, como se um João bobo, fosse. O esbarro forte da onda no navio estremecia e agravava o quadro.

A linha do horizonte cambiava na janela do passadiço, hora azul marinho e hora azul celeste.

Diante de toda essa conjuntura, não teve jeito, o estômago do Pratica entrou em ebulição. E antes mesmo que ele pudesse correr pro banheiro, sentiu seu estômago regurgitar.
Sua única atitude no momento, foi levar a mão até a boca, para tentar impedir a golfada. Que nada adiantou. O fluxo veio forte e expeliu lateralmente e escoou por entre os dedos. Deitando o caldo amarelo no chão do passadiço, que, ao sabor das oscilações do navio, se espalhou pelo chão, hora de uma lado, hora de outro.

Vigiando a proa, o comandante, sentado na sua cadeira, olhou a triste cena e nada disse.

Na tentativa de minimizar o desastre, O Pratica, correu no banheiro atrás de balde, pano de chão e vassoura. Por fim, pois-se a limpar o piso.